Eram placas e placas anunciando tudo (tudo mesmo!) pelo
valor inacreditável de apenas... Preparem-se... 10 REAIS. UAU!
De fazer parar até quem jura que é imune a essas liquidações
mirabolantes! Não é por birra nem nada. É falta de atenção mesmo. Enfim... Terminei me aventurando no meio daquela mulherada
enlouquecida entre araras e prateleiras e cestas e cabides com blusas e
vestidos e lenços e calças jeans. Sim, calças jeans.
Oh, meu Deus, até calças jeans! Não aguentei. Entrei!
A loja, à moda de algumas paulistanas ali pelo Bom Retiro,
não disponibilizou o provador - porque a promoção era pegou-levou. Sendo assim,
segurei logo uns 5 modelos, medi mais ou menos no olhômetro o que melhor
caberia no meu corpitcho e dei aquela checada básica se não tinha alguma costura fora
do lugar, manchinhas, buraquinhos e coisas desse tipo.
No caminho pro caixa ainda garimpei um casaco (pasmem!),
blusinhas, dei uma parada num cabide de 2 peças pelo preço de uma (e que o
mundo jamais saberá quais são) e, finalmente, fui pagar. Enquanto tava na fila até
reparei que um dos bolsos internos de um dos jeans tinha uma aberturazinha na
costura. Mas ah, o que é uma costurazinha aberta num bolso interno e escondido
de uma calça super bacana que ia me custar apenas 10 reais, né mesmo? Além
disso, a peça me coube sem precisar de ajustes e evidente que com mais esse incentivo esqueci a história do bolso bem rápido!
A princípio até me dispus a consertá-lo, mas terminei
preenchendo a cabeça com coisas mais interessantes e me distraindo com Murphy
que, obviamente, não ia deixar esse bolso passar em branco...
E eis que num belo domingo de sol, voltando do mercado,
usando a tal da calça, coloquei o troco no tal do bolso. 5 ou 6 moedinhas
inofensivas. E ia andando tranquilamente até alguém me avisar:
"Moça, acho que caiu uma moeda sua."
Agradeci, peguei a moeda e derrubei outra. Procurei de que
parte da bolsa elas poderiam ter caído. Não achei, coloquei as duas de volta no
bolso e voltei a andar. Senti algo na perna. Olhei pra baixo, sem parar de
andar, e vi outra moeda saindo pela barra da calça.
E foi aí que entendi: meu jeans tava cuspindo moedinhas!
Enfiei logo a mão naquele bolso do mal, mas quem disse que eu
consegui recuperar alguma coisa? Elas já tavam caminhando em direção à barra da
calça; tarde demais.
E assim, pra minha vergonha pessoal e pra diversão
muitíssimo ingrata de Murphy, segui meu caminho pra casa. Um passo à frente do
outro, as moedinhas escorregando pela perna, a minha cara indecifrável cada vez
que alguém parava pra dizer que "moça, acho que caiu uma moeda sua",
o meu "ah, sim, obrigada!", enquanto em pensamento eu na verdade
respondia:
"Sim, eu sei. Elas tão saindo da minha calça. Mas isso
faz parte das Leis de Murphy, porque caso você não saiba já fui casada com ele
e tenho tanta história que um dia fico famosa só por isso. Ah, sim, vou pegar a moeda de volta. Obrigada."