terça-feira, 11 de setembro de 2012

Pós-feriado e as leis de Murphy


Passagens ida e volta pra ver a família: R$ 100,00.

Comprinhas pra geladeira começar a semana mais feliz: R$ 20,00.

Sabão em pó e amaciante de roupas: R$ 10,00.

Aquele seu amigo lindinho que não te vê há um tempão aparecer na sua casa justo no dia em que, depois de um milhão de anos, você resolve que vai dar um jeito no armário e lavar toda a pilha de roupa antes que ela procure uma lavadora sozinha: não tem preço.

E é bem aqui que a história começa.

Saí do trabalho e resolvi passar no mercado só pra encontrar um monte de gente que também resolveu começar a semana reabastecendo a geladeira. E enquanto enfrentava a fila gigante, fiquei lá pensando nas coisas da vida, nas leis de Murphy e em como é engraçado o fato de sempre encontrar gente conhecida no dia em que você tá um trapo.

Cheguei com as comprinhas, coloquei a maravilhosa trilha sonora da faxina, shortinho de praia, blusinha no estilo “tô lavando a casa”, chinelo, cabelão pra cima e quando já tô de frente pro tanque, toca o telefone. A diva aqui tira o par de luvas de borracha, tira a espuma que voou quase que de propósito pra acertar em cheio a perna esquerda e corre pra atender. Que bacana! Sabem o amigo lindinho do começo do texto? Pois é.

Tudo bem? ... O quê? Vir aqui? Tipo agora? ... Ah, pode... Você não se importa de me encontrar brincando de Amélia, né? ... Certeza?! ... Não, sem problemas, pode vir sim. Beijo, tchau.

Pronto. Olha aí o fato engraçadíssimo de encontrar as pessoas quando você está um trapo se tornando realidade.

Aí eu penso: um milênio pra vir me visitar e resolve dar o ar da graça (e que graça!) justo hoje, meu querido?

Aí eu penso parte 2: será que não podia ser aquela hora em que a mocinha sai linda e deslumbrante com o vento nos cabelos e a rua para quando os protagonistas (por acaso) se encontram? Bem filminho adolescente de sessão da tarde, mas com certeza bem melhor do que a cena que tava rolando...

Que segunda-feia! (a gente pode escolher dia pra ficar feia?) E que jeito bacana de começar a semana, né Murphy? Não dava tempo de tomar um banho nem de dar um jeitinho no cabelo, e as olheiras... Bom, essas os óculos ajudam a esconder um pouquinho pelo menos...

E aqui vem a tentativa desesperada de deixar a situação um pouco melhor: poxa vida, é amigo, não devia fazer tanta diferença.

Mas faz, raios! São a minha imagem pública e minha autoestima indo parar embaixo do tanque - que por um acaso ainda tava cheio de roupa pra lavar.

O interfone toca. Pânico na torre. O amigo tá chegando.

Nesse momento eu separei o sorriso mais simpático que consegui; ou que não consegui, mas tentei do mesmo jeito, dei uma desentortada no cabelo, tirei aquele pano de chão horroroso espalhado no meio da cozinha e esperei ele entrar.

Lembrei da filosofia de uma grande amiga que me disse que amores cotidianos começam na lavanderia e na sequência acreditei profundamente na tese de que amigos de verdade dão risada dessas situações depois...

Bom, o fim do episódio é que ele não morreu de susto e continuamos bons amigos até hoje. Porque, afinal de contas, ninguém usa purpurina todo dia, certo?!

E só pra garantir, fiz ele prometer por escrito que não ia contar pra ninguém que me viu com aquela cara. Assim, só pra garantir... ;)