Esse texto não é sobre nenhum acontecimento extraordinário com Murphy. É só pra contar que to fazendo aniversário.
E mesmo sendo algo que acontece todos os anos, e mesmo se eu vivo prometendo que não vou me importar absurdamente com isso, a verdade é que eu adooooro fazer aniversário e tenho uma necessidade incontrolável de compartilhar isso com o mundo!
Ainda que eu esteja às vésperas do primeiro antirrugas e não tenha chegado nem perto de receber 50 mil por mês, que não tenha ganhado nenhum prêmio que me deixasse mais famosa e notável e não tenha um carro pra chamar de meu e nem espaço próprio pra guardar minha coleção de vinis e meu coelho de pelúcia de estimação...
Ainda assim o dia é meu! Com todas as caras e cores do último mês do ano e todas as promessas infinitas que a gente sabe que não vai cumprir no ano que vem, principalmente quando a profecia maia diz que vai ser o último...
E pro caso de ser verdade mesmo, e considerando que 25 anos significa qualquer coisa, acho que tenho o dever de seguir minhas promessas com mais atenção do que nunca e aproveitar a data!
Portanto, parabéns pra mim!
E pra não dizer que Murphy não deu o ar da graça, a pessoa conseguiu esquecer o celular na véspera e desconfio que to pegando uma gripe...
Anyway, ainda adoooro fazer aniversário e esse post era só pra isso mesmo.
Sim. O título é esse mesmo. E
não, não pretendo de forma alguma contestar as leis da Física; longe de mim! Até
porque eu nem entendo de Física mesmo...
Pois bem, era uma vez eu
universitária, e era uma vez o meio de condução que eu usava pra chegar até o
meu campus, e era uma vez Murphy que com certeza deve ser o dono da empresa de
transporte público até hoje!
Mesmo depois de terminar a
faculdade, eu ainda pego esse mesmo ônibus, e trocentos estudantes por dia se
locomovem por ele, e talvez até você já tenha se locomovido por ele! Todo
bat-dia, no mesmo bat-ponto. Só não com o mesmo bat-preço, que é sempre uma
surpresa! Você nunca tá pronto (nem avisado) pro dia em que a passagem vai
aumentar só mais um pouquinho em prol de sabe-se lá Deus o quê.
Aliás, eis outra coisa que me
intrigava na época e ainda não descobri: como é que pode, aumentar o preço da
passagem e reduzir a frota? E mais, por que só o “busão” que eu precisava não
tinha van com catraca e nem passava dia de domingo? As outras vans eram
Transporte Alternativo, mas a que eu andava era Transporte Seletivo! E mais
ainda, de quem é a culpa disso tudo pra eu poder reclamar direito? Minha? Sua?
Do buraco do metrô? Do prefeito, talvez? Não sei, não votei nele mesmo...
Mas voltemos ao ponto central do
assunto, este fenômeno tão fantástico do qual muita gente faz parte todas as manhãs
de segunda a sexta-feira (e às vezes aos sábados também), popularmente
conhecido como efeito “lata de sardinha”. Ele consiste em “acomodar” o maior
número possível de pessoas, bolsas, mochilas, malas, pastas, fichários,
celulares, Ipod’s, Iphones, notebooks, netbooks e o que mais você conseguir
carregar no trajeto, num espaço não expansível e inelástico atrás da catraca.
A aventura já começa no ponto de ônibus.
Porque ponto de ônibus por si só já é um lugar estranho (é o que eu acho). Quando
a condução esperada apontar no começo da rua, acene com vontade e use o seu
treinamento de ioga pra se infiltrar entre todas aquelas pessoas que sentem que
você vai subir no mesmo ônibus que elas e fazem um esforço tremendo pra sair pisando
em qualquer um que tentar entrar na frente.
Quando o ônibus finalmente parar
(porque com frequência o Sr. Motorista - que a sua mãe passe bem - pode
resolver passar direto por mais que você acene), suba. E caso consiga chegar até
o cobrador antes de seu ponto de descida ficar pra trás, pague a passagem, e é
bom que não precise de troco, o que vai evitar algumas dores de cabeça,
acredite. E reze; mas com bastante fé e vontade pra que aquela população toda
do seu lado, do outro, na frente, atrás e sobre a sua cabeça, desça pelo
caminho, e de preferência antes de você. No começo assusta um pouco, mas logo
você se acostuma. É lotado assim mesmo, e todo mundo vai realmente descer no
mesmo lugar, e enfim, você acostuma.
Mas o que eu quero dizer com isso
tudo é que... Bom, na verdade eu só queria mesmo compartilhar esses pensamentos
todos... Será que deu pra convencer?
E no fim das contas reparei que
cometi mesmo um erro no título. Mas corrijo agora: “Dois OU MAIS corpos podem
SIM ocupar o mesmo lugar no espaço”. E é nessa hora que eu penso que deveria
ficar milionária e só andar de táxi. Ou talvez seja a hora de comprar uma
bicicleta...
* A cidade tem as linhas de ônibus divididas por cor: azul, vermelha e verde.
* A linha verde - só ela - entrou em greve e ninguém ficou sabendo.
* A linha de ônibus que eu uso todas as manhãs, por um acaso, é a linha verde.
* Caminhada logo cedo pra encontrar uma alternativa entre as linhas azul e vermelha.
(Murphy deve achar que ando sedentária... E a verdade é que ele não ta errado, mas não precisa me lembrar disso numa segunda de manhã, certo?!)
* Já no trabalho, um cano sei lá do quê estourou em algum ponto do quarteirão, logo, a prefeitura corta a água por tempo indeterminado pra fazer os ajustes.
* O cabelo não deu tempo de lavar, o vento da manhã levou os fios pra cima, pros lados e alguns foram embora mesmo.
* O esmalte recém-pintado no domingo já ta tentando sair da unha antes da hora do almoço.
* O cliente quer marcar uma reunião de hoje pra hoje.
* Vou levar trabalho pra casa e chegar mais cedo no dia seguinte.
* Tem um temporal monstro a caminho...
Opção enquanto nenhuma das coisas acima se resolve:
1. Dar uma atenção pro freela que não quer ser terminado. 2. Aprender aquela música de um dos corais que você faz parte e que a cabeça ainda não quis incorporar direito. 3. Nenhuma das anteriores porque afinal de contas nada importante se resolve às segundas-feiras mesmo!
E aí eu me rendo à verdade universal do item 3, afinal de contas, na próxima semana já tem mais um feriadinho...
Como assim? Pois é... Ainda não
achei uma explicação lógica sobre como aconteceu, o fato é que aconteceu e por
um longo ano fui casada com Murphy, e por um longo ano, perdoem o trocadilho
cretino, fui LADY MURPHY.
Pra quem ainda não entendeu, ou
não conhece o cidadão, é só clicar aqui.
Ele é aquele sujeito que aparece
nas horas mais impróprias, nas quais sem qualquer aviso prévio ou desejo /
intenção da parte atingida, não importa o que se faça, como faça ou porque
faça, vai dar errado. E da pior forma possível.
E não adianta apelar pro santo, pra
canção anti-stress, xingar a mãe do dito cujo (Se é que ele tem uma... Será que
cheguei a ter uma sogra?), fazer simpatia, pacto com o diabo, sair correndo, ir
embora pra Pasárgada ou fugir para as Ilhas Bora-Bora: vai dar errado. E,
repito, da pior forma possível.
Mas como é que se descobre que
você se casou com Murphy? Olha, pra ser franca, eu só cogitei a possibilidade
quando, por muitas e seguidas vezes, certas iniciativas, vontades ou mesmo só a
intenção de tê-las passaram a dar errado, mas errado mesmo! E não era
simplesmente aquela “Ô zica maldita!”. Era uma aliança maior, uma aliança
mesmo! Dourada, e na mão esquerda!
Sem perceber, sem tempo pra
pensar se aceitava, sem nenhuma testemunha do SIM, se é que eu disse um, porque
eu nego, casei-me com o cara que faz o pão cair com a manteiga pra baixo e a
fila do lado andar sempre mais depressa até que você resolva passar pra ela.
E mesmo depois que ele se foi,
posso dizer que ainda sofro visitas ocasionais do dito cujo, e às vezes chego
mesmo a duvidar se durmo sozinha... Por isso decidi compartilhar isso com o
mundo: minhas histórias com Murphy!
E se você, cara pessoa que caiu
neste blog, por acaso ou não, se identificar com algo, ou se achar que por um
acaso Murphy anda lhe visitando também, me conta!